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Capítulo 14 de 16

1Pelo ano cento e setenta e dois, o rei Demétrio reuniu suas tropas e partiu para a Média, para aí organizar um exército de socorro na sua luta contra Trifão.

2Mas Arsaces, rei da Pérsia e da Média, informado de que Demétrio havia entrado no seu território, enviou um de seus generais para pegá-lo vivo.

3Partiu, pois, este, desbaratou o exército de Demétrio e apoderou-se de sua pessoa. Enviou-o a Arsaces, e este o encarcerou.

4Na Judeia reinou a paz, enquanto viveu Simão. Ele procurou o bem-estar de seu povo e este se agradou do seu poder e reputação.

5Com toda a glória que adquiriu, tomou Jope como porto e construiu um acesso para as ilhas do mar.

6Ampliou as fronteiras de seu povo e estendeu sua autoridade sobre todo o país.

7Repatriou muitos dos judeus prisioneiros do estrangeiro, apoderou-se de Gazara, de Betsur e da fortaleza de Jerusalém, que purificou de suas impurezas e ninguém ousava opor-lhe resistência.

8Cada um cultivava em paz sua terra; o solo lhes dava suas colheitas e as árvores dos campos, seus frutos.

9Os anciãos assentavam-se nas praças públicas e entretinham-se com o bem comum; os jovens revestiam-se de troféus e de equipamentos de guerra.

10Simão forneceu víveres às cidades e tomou resoluções para edificar praças fortes, de modo que em toda a parte, até as extremidades da terra, celebrava-se seu nome.

11Estabeleceu a paz em seu país e todo o Israel exultava.

12Cada um podia assentar-se sob sua parreira ou figueira, sem recear o inimigo.

13Não houve ninguém para atacá-los, e os reis, nessa época, foram abatidos.

14Protegeu os humildes do seu povo, zelou pela Lei e exterminou os ímpios e os perversos.

15Contribuiu para o esplendor do templo e enriqueceu o tesouro.

16A notícia da morte de Jônatas chegou a Roma e também a Esparta, provocando grandes pesares.

17Mas, logo que os romanos e os espartanos souberam que seu irmão Simão se tinha tornado sumo sacerdote em seu lugar e governava o país com as cidades que ali se achavam,

18escreveram-lhe em placas de bronze, para renovar a amizade e a aliança, outrora concluída com seus irmãos Judas e Jônatas.

19Essas mensagens foram lidas diante da assembleia em Jerusalém. Eis a cópia daquela que enviaram os espartanos:

20“Os arcontes da cidade de Esparta ao sumo sacerdote Simão, aos anciãos, aos sacerdotes e ao povo judeu, seu irmão, saudações!

21Os mensageiros que enviastes ao nosso povo contaram-nos vossa celebridade e glória, e nós nos regozijamos com sua chegada.

22Nós consignamos, como segue, a proposta que eles fizeram às deliberações do povo: ‘Numênio, filho de Antíoco, e Antípatro, filho de Jasão, vieram a nós, da parte dos judeus, para renovar sua amizade conosco.

23Pareceu bem ao povo recebê-los com honra e depositar uma cópia de suas palavras nos arquivos públicos, para que ficasse na memória do povo de Esparta. Sobre isso enviamos uma cópia a Simão, sumo sacerdote’.”

24Em seguida, Simão enviou Numênio a Roma com um grande escudo de ouro, que pesava mil minas, para firmar aliança com os romanos.

25Quando o povo foi informado disso tudo, disse: “Que sinal de reconhecimento daremos a Simão e a seus filhos?

26Ele mesmo, seus irmãos e a casa de seu pai mostraram-se valorosos, venceram os inimigos de Israel e asseguraram-lhe a liberdade”. Gravaram, pois, uma inscrição em tábuas de bronze e colocaram-nas entre as colunas conservadas no monte Sião.

27Eis a cópia dessa inscrição: “No dia dezoito do mês de Elul, do ano cento e setenta e dois, o terceiro ano do pontificado de Simão, sumo sacerdote insigne, em Asaramel,*

28na grande assembleia dos sacerdotes, do povo, dos chefes da nação e dos anciãos do país, foi declarado o seguinte: No momento em que as guerras renasciam sem cessar no país,

29Simão, filho de Matatias, descendente de Joarib, e seus irmãos expuseram-se ao perigo e resistiram aos inimigos de sua pátria, para salvar o templo e a Lei, levando seu povo a uma grande glória.

30Jônatas reuniu seu povo e tornou-se o sumo sacerdote; depois foi reunir-se a seu povo.

31Os inimigos quiseram invadir o país para devastá-lo e lançar a mão sobre os lugares santos,

32mas então se levantou Simão. Combateu por sua nação, distribuiu uma grande parte de seus bens para armar os homens de seu exército e pagar seu soldo.

33Fortificou as cidades da Judeia, assim como Betsur, que se situa na fronteira, outrora arsenal do inimigo, onde ele estabeleceu uma guarnição judia;

34Jope, que se acha na costa; Gazara, na região de Azoto, outrora povoada de inimigos, que ele substituiu por judeus. E muniu todas estas cidades com o que era necessário para sua defesa.

35O povo viu o procedimento de Simão e a glória que ele queria adquirir para a sua raça; escolheu-o para chefe e sumo sacerdote, por causa de tudo o que ele havia efetuado, pela justiça e fidelidade que guardou à sua pátria e porque procurava de todo modo exaltá-la.

36Sob sua autoridade o povo tinha chegado a rechaçar os pagãos de seu território e a expulsar os ocupantes da Cidade de Davi em Jerusalém, lugar no qual haviam estabelecido uma fortaleza e da qual saíam para manchar os acessos do templo e profanar gravemente a santidade.

37Simão colocou ali uma guarnição judia, fortificou-a para proteger o país e a cidade, e ergueu os muros de Jerusalém.

38Depois disso, o rei Demétrio confirmou Simão no cargo de sumo sacerdote,

39contou-o no número de seus amigos e demonstrou-lhe uma grande consideração.

40Com efeito, ele soube que os romanos davam aos judeus o nome de irmãos, de amigos e de aliados e que tinham recebido com honras os enviados de Simão.

41Soube também que os judeus e seus sacerdotes haviam consentido que Simão se tornasse seu chefe e sumo sacerdote, perpetuamente, até a vinda de um profeta fiel,

42que tomasse o comando do exército, cuidasse do culto, designasse superintendentes para os trabalhos, as regiões, os armamentos e as fortificações;

43que se ocupasse do culto e fosse obedecido por todos; que, no país, todos os documentos fossem escritos em seu nome; e que andasse vestido de púrpura e trouxesse fivelas de ouro.

44Não seria permitido a ninguém do povo ou dos sacerdotes rejeitar uma só de suas disposições, contradizer suas ordens, convocar uma assembleia no país sem sua autorização, vestir-se de púrpura ou usar fivela de ouro.

45Quem quer que agisse contra essas decisões ou violasse um de seus artigos seria culpado.

46Aprouve ao povo permitir a Simão agir conforme essas normas.

47Simão aceitou. Prontificou-se a ser sumo pontífice, chefe do exército, governador dos judeus e dos sacerdotes e exercer a autoridade suprema.

48Foi ordenado que essa inscrição fosse gravada em placas de bronze e colocada num lugar visível da galeria do templo,

49ao passo que uma cópia seria depositada na sala do tesouro, à disposição de Simão e de seus filhos”.