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Capítulo 29 de 51

1Aquele que tem compaixão empresta com juros ao seu próximo; aquele que tem a mão generosa guarda os mandamentos.

2Empresta a teu próximo quando ele estiver necessitado, e de teu lado, paga-lhe o que lhe deves, no tempo marcado.

3Cumpre tua palavra e procede lealmente com ele, e acharás em toda ocasião o que te é necessário.

4Muitos consideraram como um achado o que pediam emprestado, e causaram desgosto àqueles que os ajudaram.

5Até que se tenha recebido, beija-se a mão de quem empresta; com voz humilde fazem-se promessas;*

6mas, chegando o tempo de restituir, pedem-se prazos; só se têm palavras pesarosas e queixas; e toma-se como pretexto a dificuldade da época.

7Se o que pede emprestado pode restituir, nega-se a princípio. Restitui em seguida só a metade da quantia, e a considera como um lucro.

8Se não tem meios para pagar, priva o que emprestou do seu dinheiro, e dele se faz gratuitamente um inimigo.

9Ele o paga com ofensas e maldições, e paga com o mal o bem que recebeu.

10Muitos não emprestam, não por maldade, mas por medo de serem injustamente iludidos.*

11Todavia, sê indulgente para com o miserável, e não o faças esmorecer depois da esmola.

12Por causa do mandamento, socorre o pobre; e não o deixes ir com as mãos vazias na sua indigência.

13Perde o teu dinheiro em favor de teu irmão e de teu amigo; não o escondas debaixo de uma pedra para ficar perdido.

14Gasta o teu tesouro segundo o preceito do Altíssimo, e isso te aproveitará mais do que o ouro.

15Encerra a esmola no coração do pobre, e ela rogará por ti, a fim de te preservar de todo o mal.*

18Para combater o teu inimigo, ela será uma arma mais poderosa do que o escudo e a lança de um homem valente.*

19O homem de bem responsabiliza-se pelo próximo; o homem sem pejo abandona-o a si próprio.

20Não esqueças o benefício daquele que se responsabiliza por ti, pois ele arriscou a vida para te amparar.

21O pecador e o impudico fogem de seu fiador;

22o pecador atribui a si mesmo o benefício de quem por ele se responsabiliza, e com coração ingrato abandona o seu libertador.

23Um homem se responsabiliza pelo seu próximo, e este, perdendo a vergonha, o abandonará.

24Um mau penhor perdeu muitas pessoas que prosperavam, e as agitou como as ondas do mar;

25por uma reviravolta das coisas, ele exilou muitos poderosos, que se tornaram peregrinos em terra estrangeira.

26O pecador que transgride o mandamento do Senhor se comprometerá a responder inoportunamente por outro; e aquele que tentar muitos empreendimentos não escapará do processo.

27Ajuda o próximo conforme as tuas posses, e acautela-te para que não caias tu também.

28O principal para a vida do homem é a água, o pão, o vestuário e uma casa para ocultar a sua nudez.

29Mais vale o que um pobre come sob um vigamento do que um magnífico banquete em casa alheia para quem não tem domicílio.

30Contenta-te com o pouco ou muito que tiveres e evitarás a censura de seres um estranho.

31É uma vida miserável a daquele que vai de casa em casa; em toda parte onde se hospedar, não estará confiante, e não ousará abrir a boca.

32Recebe-se com hospitalidade, dá-se de comer e de beber a ingratos; e, depois disso, ouvem-se palavras desagradáveis:*

33“Vamos, intruso, prepara a mesa, e o que tens, dá-o de comer aos outros;

34retira-te, por causa da homenagem que devo prestar aos meus amigos. Preciso de minha casa para nela receber meu irmão”.*

35Eis coisas penosas para um homem sensato: ouvir censuras pela hospitalidade e pelo empréstimo que se fez.