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Capítulo 18 de 51

1O eterno tudo criou sem exceção, só o Senhor será considerado justo. Ele é o rei invencível que permanece para sempre.

2Quem será capaz de relatar as suas obras?

3Quem poderá compreender as suas maravilhas?

4Quem poderá descrever todo o poder de sua grandeza? Quem empreenderá a explicação de sua misericórdia?

5Nada há a subtrair, nada a acrescentar às maravilhas de Deus; elas são incompreensíveis.

6Quando o homem tiver acabado, então estará no começo; e quando cessar a pesquisa, ficará perplexo.

7Que é o homem, e para que serve? Que mal ou que bem pode ele fazer?

8A duração da vida humana é quanto muito cem anos. No dia da eternidade esses breves anos serão contados como uma gota de água do mar, como um grão de areia.

9É por isso que o Senhor é paciente com os homens, e espalha sobre eles a sua misericórdia.

10Ele vê quanto é má a presunção do seu coração, e reconhece que o fim deles é lamentável;

11é por isso que ele os trata com toda a doçura, e mostra-lhes o caminho da justiça.

12A compaixão de um homem concerne ao seu próximo, mas a misericórdia divina estende-se sobre todo ser vivo.

13Cheio de compaixão, Deus ensina os homens, e os repreende como um pastor o faz com o seu rebanho.*

14Compadece-se daquele que recebe os ensinamentos de sua misericórdia, e do que se apressa a cumprir os seus preceitos.

15Meu filho, não mistures a repreensão com o benefício, não acrescentes nunca palavras duras e más às tuas dádivas.

16Porventura o orvalho não refresca o calor ardente? Assim, uma palavra doce vale mais do que um presente.

17A doçura das palavras não prevalece sobre a própria dádiva? Mas uma e outra coisa se encontram no homem justo.

18O insensato censura com aspereza; a dádiva de um indiscreto resseca os olhos.

19Antes de julgar, procura ser justo; antes de falar, aprende.

20Usa o remédio antes de ficares doente. Interroga-te a ti mesmo antes do juízo, e acharás misericórdia diante de Deus.

21Antes da doença, humilha-te, e no tempo da enfermidade mostra o teu proceder.*

22Nada te impeça de orar sempre, e não te envergonhes de progredir na justiça até a morte; pois a recompensa de Deus é eterna.*

23Antes da oração, prepara a tua alma, e não sejas como um homem que tenta a Deus.*

24Lembra-te da ira do último dia, e do tempo em que Deus castigará, desviando o rosto.

25Lembra-te da pobreza quando estiveres na abundância e das necessidades da indigência no dia da riqueza.

26Entre a manhã e a tarde muda o tempo, e tudo isto acontece num instante aos olhos de Deus.

27Um homem sábio está sempre alerta; nos dias de tentação, se resguarda do pecado.

28Todo homem sagaz reconhece a sabedoria, e presta homenagem àquele que a encontrou.

29Os homens de linguagem sensata procedem também com sabedoria, compreendem a verdade e a justiça, e espalham uma multidão de sentenças e máximas.

30Não te deixes levar por tuas más inclinações, e refreia os teus apetites.

31Se satisfizeres a cobiça de tua alma, ela fará de ti a alegria dos teus inimigos.

32Não te comprazas no meio das multidões, mesmo das menores, porque nelas somos constantemente comprometidos.*

33Não te empobreças, pedindo empréstimos para aparentar, quando nada tens na algibeira; isso equivaleria a atentar contra a tua própria vida.