Texto: Pe. Paulo Siebeneichler – OSJ
Fontes de Pesquisa: Livro de Tombo do Santuário, Decretos e Provisões.
Em 1923/24, nasce em São Paulo a Associação Beneficente de Santa Edwiges e, junto com ela, a doação de um terreno para a construção de uma capela em honra da Santa. Essa foi a luta e a missão da primeira diretoria dessa associação na capital paulista.
No ano de 1926, foi lançada a pedra fundamental da primeira construção. Como não há documentos dos anos anteriores, em 1953 surge a Sociedade Católica de Santa Edwiges, que, por meio de festas, quermesses e eventos, angariava fundos para a construção da capela em louvor a Santa Edwiges. Nessa época, restavam apenas os documentos do terreno registrados em cartório; os demais, guardados na própria capela, tornaram-se cinzas após um incêndio.
Em março de 1955, foi lançada a pedra fundamental da nova construção. Em 1957, a capela passou a pertencer à Paróquia São João Clímaco, cujo vigário (pároco) era o Pe. Walter Morais, que se deslocava até a capela para dirigir as reuniões.
Por decreto do Arcebispo Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Cardeal Motta, em 21 de abril de 1960, foi criada a Paróquia Santa Edwiges, cujos limites se estendem às paróquias de Nossa Senhora Aparecida do Ipiranga, São Vicente de Paulo do Moinho Velho, São João Clímaco, à Diocese de Santo André e à Paróquia Santo Antônio da Vila Carioca. Esse decreto concedeu à Igreja de Santa Edwiges todos os privilégios e responsabilidades de uma paróquia, com seus livros próprios de anotações, pia batismal e administração paroquial sediada em sua própria igreja.
O primeiro vigário paroquial tomou posse na presença do Vigário Geral da Arquidiocese, Bispo Auxiliar do Cardeal Motta, sendo-lhe conferidos todos os ritos de posse prescritos. Posteriormente, foram publicadas as escalas de horários de atendimento e das celebrações da nova paróquia.
No dia 14 de setembro de 1973, assume como pároco o Pe. João Batista Cerutti e, com ele, a Congregação dos Oblatos de São José passa a marcar presença no Santuário. Com a chegada dos Oblatos, a devoção a Santa Edwiges se expandiu significativamente, tendo como grande impulsionador o Pe. Segundo Piotti, transferido de São Miguel Paulista. Ele se dedicou à divulgação da devoção à padroeira e à ampliação dos serviços e do acolhimento aos romeiros que acorriam ao Santuário.
Com a morte do Pe. Segundo Piotti no Hospital Heliópolis, seu sucessor foi o Pe. Eurico Dedino. Ele promoveu uma mudança no foco devocional, valorizando o aspecto social da fé, incentivando a doação de alimentos e roupas aos pobres no lugar de flores. Nessa época (1980/82), teve início a ocupação dos campos e do centro esportivo de Heliópolis, que, ao final dos anos 1980 e início dos anos 1990, se tornaria a maior favela da América Latina — a Favela Heliópolis, hoje reconhecida como bairro.
Em 1983, iniciou-se a construção da nova igreja, que está em funcionamento até hoje, ocupando toda a área disponível para melhor atender os fiéis. Essa nova edificação se fez necessária após um incêndio ocorrido na noite do dia 16 de outubro de 1982. A partir de então, toda a comunidade se uniu para devolver ao bairro a sua igreja, construindo um novo templo.
No dia 18 de abril de 1997, Sua Eminência Reverendíssima Dom Paulo Evaristo Cardeal Arns elevou a igreja à dignidade de Santuário. E no dia 6 de dezembro de 1998, Dom Antonio Celso de Queiróz, Bispo Auxiliar da Região Episcopal Ipiranga, presidiu a solene celebração de consagração da nova igreja. Em 1999, foi edificada a Capela da Reconciliação, cuja inauguração contou com a presença de Dom Cláudio Cardeal Hummes. Nela foram abertas a sala das confissões e a sala das promessas. No ano 2000, o Santuário foi indicado como local oficial de peregrinação do Ano Santo da Redenção, recebendo as insígnias comemorativas dos 500 anos de evangelização da América.
Grandes eventos marcaram a história do bairro em torno da Igreja. Muitos acontecimentos da região tiveram a paróquia como sede, tais como: o nascimento da Obra Social nos porões da igreja — obra essa marcada pela caridade; a acolhida dos desabrigados vítimas de incêndios em prédios invadidos e inacabados próximos ao hospital, a partir da qual nasceu o Instituto Baccarelli de Música — cujas primeiras aulas foram dadas no salão paroquial; a eleição de dois reitores do Santuário para o Conselho Geral da Congregação dos Oblatos de São José; a vinda do Seminário de Teologia dos Oblatos para São Paulo; a criação da Casa da Criança Santa Ângela, fruto da acolhida à senhora Angélica e suas coirmãs; o reconhecimento da OSSE como entidade eclesial, que recebeu a administração do Lar para a sua gestão; e a constante presença do Santuário em momentos cruciais da vida do bairro Heliópolis, em seus conflitos, celebrações e alegrias.
Hoje, o Santuário, com seus 64 anos de paróquia e 26 anos de reconhecimento oficial como Santuário, realiza um trabalho pastoral, devocional e social contínuo. Dedica-se ao cuidado de uma sociedade que, partindo da fé, deseja tornar presente a doutrina de Jesus Cristo, servindo a Cristo nos irmãos necessitados.